09 agosto 2009

[para a minha tia-avó Marieta.]

Ao olhar nos olhos profundos e cheios de lágrimas, a garota já sabia o que aconteceria, a sua querida parente considerada como uma avó, logo partiria. No momento não pode fazer nada além de olhar e conversar com poucas palavras, se muitas dessas fossem ditas, as lágrimas que tanto lutara para não se formarem, cairiam em seu rosto e fariam uma estrada negra de rímel pelas bochechas. A abraçara longamente, temendo que fosse a última vez.

A festa a sua volta, lotada de rostos consangüíneos, se mostrava animada, mas seu coração decidira chorar em silencio. Se despediu de todos os seus parentes, e parou por um bom tempo a sua mais amada face da infância. Entrou no carro, sabendo que, agora, a sua 'avó' não tinha mais ressentimentos, pedira desculpas e vira os seus nem-tão-netos; sabia que ela estava feliz.

Ao entrar no carro, e na escuridão dos vidros fumé poderia discretamente deixar que duas lágrimas rolassem pelo seu rosto, apesar de não serem suficientes. Dizia adeus de algum modo, mesmo não sabendo se seria o último. Havia porem um último desejo, uma foto recente com a sua avó que na realidade era uma tia.