25 dezembro 2007

A claustrofobia não era nada agora. A prisão vinha de dentro. Não cantava há dias.
Sentada no canto, se sentia pequena, as paredes floridas e branco-azuladas pareciam se sobrepor a ela, a abraçando e a protegendo. Não ouvia os sons de la fora, daquele apartamento que lhe causara lágrimas. Quando era casa, era assim tambem?
Na suas lembranças só vinham sorrisos. Por que tinha que ser diferente?
A ceia de natal deveria estar posta. Rica e típica. Pessoas soridentes em volta.
Aonde estes fantasmas se esconderam? Não parecia natal. Este ano não teria natal...
Sentada, no chão frio alaranjado do banheiro. Escapatoria. Encara com a visão turva as flores no azuleijo branco. Uma febre de desespero a atinge. 'hoje não, porfavor, hoje não'. Era noite de natal e ela jurou se recusar a sentar a mesa, caso todos não estivesse lá. A mãe na cozinha a reclamar e exagerar situações. O pai foi dar uma volta. Aparentemente não voltaria para jantar.
O pesadelo infantil, a possibilidade de divorcio. Ela não poderia escolher.... tudo por conta de problemas financeiros, era contra o que lhe foi ensinado...
Música alta, chuveiro ligado. Fusão de água doce e salgada. Ela se pergunta aonde está o amor... e por que ele não basta....

24 dezembro 2007


lagrimas vermelhas escorrem pelo rosto colorido pela falta de sol na cidade. a raiva roxa que sobe pela espinha. o corpo dolorido. marcas de um dia cansativo de trabalho, de uma perseguição constante. broncas por coisas que nunca fez. a frustação e a raiva crescem. outros fazem absurdos, ela segue pelas leis. um amigo ao telefone, tentativas de acalmar. entrar no carro e ouvir palavras doces. expremir toda a raiva por lágrimas. o coração batia raivoso. ela não era assim.favoritismo insignificativo a tornara assim. lá não voltaria depois de alguns dias. no fundo o desejo intenso de não voltar lá jamais. a responsabilidade a fazendo pender para frequentar até o fim do mês. somente mais alguns dias.... eles terão que passar rápido.

17 dezembro 2007


sensação de dezembro. aquela estranha vontade não expressada de chorar. a incapacidade das coisas em volta. Essa sensação envolve e se soma a inumeras outras.
pessoas soam mais grossas. a garota se isola no reempilhamento de camisas da loja verde-amarela. paredes invisiveis deixam passar algumas risadas, isolamento.
aquelas doces cores da amizade perfeita soam distantes em meio a correria de compras de natal. não há árvore em casa.ha quanto tempo ela não canta? não há rosas vermelhas.
uma decima oitava rosa branca esta pra ser entregue. mostra o fim deste dezembro.
sinto falta das doces comemorações rosas-amerelas.
aquelas rosas se perderam nas pilhas reemepilhadas de camisas verde-amarelas ou no sentimento de dezembro?

05 dezembro 2007

Segurança, era como minha mente o via. Alguém que nunca tinha problemas. E se tinha, não o afetavam tanto. Telefonemas, aquela voz de desespero. Desconhecida. "Ele vai ficar bem?". Pela primeira vez senti-me no lugar dele. Alguém que daria colo e faria a situação melhorar. Tomei as providencias, o acalmei. Recebi aquela figura que tenho como um pai. Fiquei ao lado da cama dele, olhando o olhar constrangido e frágil. Rimos. Ele entra pela porta. Toda a pressa do universo em seus passos. Sobe na cama e abraça o pai longamente. "Eu estou bem".Rose entra com os seus passos pequenos, trazendo uma bandeja de comida.Nós retiramos do quarto. Um ar de tristeza ressoa nos olhos dele. O abraço. Sinto as lágrimas molharem a minha camisa. A força com que me abraça é tanta. Reconheço essa necessidade de se sentir seguro. Ele se desvencilha dos meus braços. Enxuga as lágrimas e agradece. Voltamos ao quarto. Fico sentada na poltrona observando, até que ambos caem no sono.Me retiro. Aviso a Rose. "me ligue qualquer coisa"

Pela manhã volto aquele apartamento, ainda estavam dormindo. entro no quarto para ver se esta tudo bem. O andre desmarcou os compromissos. A cabeça dele no edredon, dormiu de joelhos ao lado do pai. Seus olhos deixam claro, chorou até dormir. Um beijo na testa e ele acorda. me puxa e me abraça. "ele não vai partir agora vai?". Sorrio. Entre os travesseiros soa uma voz. "Não, eu tenho que ver o casamento de um de vocês dois ainda. Não vou deixar meus filhos antes disso."Lágrimas caem de meus olhos, dos olhos dele. Dou um beijo na testa daquele pai de coração. Tudo vai ficar bem.