17 outubro 2006



Deitada no escuro, com aquele caderno verde-limao nas maos e a caneta a descansar se apoiando na orelha direita. O cabelo molhado da chuva respindando sofre a folha apagando o resquisio dos poucos sentimentos que eh capaz de expressar.
Nao ha luz, apenas uma fresta, quase impossivel de se notar, no canto esquerdo.
E la, os olhos marejados e vazios encaram. Desejando que fresta aumentasse, que o frio passasse, que um tunel de luz a levasse de la.
Ainda ha chao, ainda ha a cama. O mundo nao caiu. Mas as lagrimas vieram, machucando um orgulho ferido e protetor.
Toda esta caixa, onde a muito se aprisonou, nao faz mas sentido. Ou sera que ela nao faz mas sentindo?
O que teria alem da fresta?
Ela soh se questiona, os olhos vidrados na fresca. Ela ira crecer?
Levanta-se, quase sem forca, se arrastando ate a luz. Deixa para atras o caderno verde-limao. A caneta, em meio ao movimento, cai sem produzir sequer um som.
A garota some. Ainda ha luz....