30 novembro 2007


Como um raio, atravessa cada nervo de seu corpo, arrepiando-a. Ao toque da meia-noite, sempre certeiro, era o mês de dezembro.

Ela sabia que ele chegaria, era inevitável. Mas, esse ano um relance de esperança surgiu. O dito inferno astral, que ela se forçava a acreditar veio antes e sumiu sem sinal de voltar. Ela se encontarava feliz, pela primeira vez em muito tempo, no mês de novembro.

Como era de se esperar um relacionamento dela acabou em pleno inferno. Ou acabava ou começava. Era uma regra, silenciosa e injusta. Inesperadamente, este inferno inrregular, trazia esboços de um começo. Seria possível ?

Enquanto cada pêlo do corpo da jovem se arrepiava, uma carência lhe subia pela espinha. Não havia sentido. Mas a crença certeira lhe trazia, no soar dos sinos das cidades históricas, a solidão típica do mês.

Não há palavras para descrever as cicatrizes de dezembro. Há, ao se olhar atentamente, um olhar profundo, magoado e sofrido, com aspirações de tristezas por trás da careta e da língua de fora. Detalhes que apenas um não-tolo podia notar.

O raio se exprimia de modo a contaminar cada canto daquelas quatro paredes. Dezembro, o mês celebre, contaminava o mundo e aquele canto branco.

Em meio a escuridão da luz artificial apagada, colocava a suas mãos brancas com esmaltes descascados em torno de uma vela. Estava tão próxima a chama. Aquele fio de luz que permanecia em meio o rito que fazia. Queimar o passado, se preparando para o futuro.

Tinha que ser apenas mais um mês. Dessa vez tentaria não ceder ao raio. Aquele sorriso que esboçava havia dias, iria permanecer. Essa era a sua promessa, seu desejo, sua meta traçada cuidadosamente para alimentar a sua chama e a sua deusa.

E esse sorriso seria a sua única resposta ao raio, ao badalar e ao novo mês.

12 novembro 2007

volta a fita, reve o passado. revive o momento.
casa vazia, sinais de moveis arrastados.
ela, fica quase imovel, reparando na imensidão das paredes pêssego.
a imagem de três crianças correndo se estende para o mundo real.
ela era uma delas. as lembranças correm, senti toda aquela alegria e conforto de novo.
ali era um lar.
relembra com exata perfeição onde cada movel estava.
podia andar de olhos fechados e nunca esbarrar em nada.
nunca mais sentiria essa segurança.
diz, adeus.
tenta segurar as lágrimas, relembra da árvore que um dia colocou um band aind.
ela ainda ia permanecer la.
a rua passa. o carro acelera, o adeus se torna sólido.
não quer dizer adeus.
fecha os olhos, evitando que as lágrimas caiam.
o carro para. ela olha de relance, esse seria o seu novo teto.
seis anos depois,
quem diria, mesma epoca do ano.
deveria ser algo haver com o inferno astral.
malas feitas.
não era um lar, mas era um teto.
olha pra trás, se lembra da nuvem preta que cubriu a sua familia.
se que ainda era uma familia.
o tempo, o novo teto, desgastaram o que eles eram.
os últimos seis anos se tornaram um borrão...
só os momentos triste lhe vem a memoria.
não era um lar.
mas era um teto....

11 novembro 2007


milhares de páginas abertas na mesa, na tela do computador...
Uma foto, um olhar, arrependimento?
talvez não... mas um resquício do que quase sentiu...
não, não volta atrás. foi o melhor. o passado passou, e mesmo a perseguindo por meio a frases e faces, não desiste do que fez.
sempre foi assim, desde que perdeu aquilo que mais amava.
as feridas tapadas com band-aid's pequenos demais para estancar os rios vermelhos de lágrimas imateriais.
o medo, rondando e matando os tecidos que tentam se regenerar. o pesadelo que se aproxima com o entardecer.
ele nunca entendeu, nunca viu por trás dos olhos da face soridente, a menina assustada.
prefiriu no silêncio do beijo não ouvir o berro mudo.
ela, olha. encara. ri e chora. se assusta com o fato dele nunca ter entendido...que tudo que ela queria era um pouco menos de confusão, uma braço caloroso e uma pergunta que a fizesse dizer, 'me ajude'.
se revolta. nunca passou por isso antes. os anteriores a ele sempre entenderam o pq de um fim.
ele não tentou. e reagiu dando a outra face das suas costas.
ela desiste, se esconde em meio as páginas de canções sem sons. ouve o coração bater forte, canta a dor que não pode despejar em lágrimas.
não, não é por ele.
é por ela.
o pesadelo se aproxima. um passo mais rápido que o outro. o desespero aumenta.
ela vai conseguir se levar após esse baque?
ela se levantou após o último mortal choque?
deitada, face nas folhas, lágrimas vazias caem....

03 novembro 2007


é estranho.


quando tudo parece desabar, finalmente consigo cantar. deve ser um sinal que fiz ago certo...a incapacidade de cantar com o meu coração andava a me afligir ha muito tempo....

as pessoas ficam meio indignadas quando eu falo que não gosto da minha voz. mas, os meus motivos são meio simples... não gosto de cantar se o meu coração não esta em harmonia. e realmente acho que outras pessoas cantam muito melhor.


porem, hoje, pelo menos, eu posso cantar.